sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quando é que foi criada a paróquia de Fortios?








Quando é que foi criada a paróquia de Fortios?

O Autor, depois de citar numerosas provas documentais e relacionar pormenorizados dados, conclui, na parte final:

“8º. Quanto a livros paroquiais mais antigos de Fortios, é absolutamente certo que existiam antes de 1631. Na verdade, o Pe. Manuel Nogueira de Amaral, em 28 de Abril de 1681, no decurso do processo de ordens do Pe. Manuel Fernandes de Carvalho que, para o efeito, solicita certidão de baptismo de sua avó paterna, Maria Fernandes - declara que esta foi baptizada em S. Domingos dos Fortios, no dia 15 de Dezembro de 1602 e aqui casou no dia 28 de Julho de 1622, segundo termos dos livros paroquias transcritos pelo então cura Nogueira de Amaral (ver capº VI).
Aqui está uma prova directa de que, já então, havia livros próprios nesta paróquia, por ora ainda não encontrados. Os livros paroquiais próprios, a partir de Julho de 1631 até aos finais do século XIX, encontram-se no arquivo distrital de Portalegre. Que havia livros paroquiais de Fortios, anteriores a estes, provam-no claramente também duas menções explícitas, inseridas em dois termos de casamento, que cito parcialmente: "E foram testemunhas em particular André Dias e Simão Caldeira, que comigo todos assinaram em outro termo que fica feito no livro velho, a folhas cento e onze. E por verdade assinei. Miguel Vaz Castanho. Manuel Caldeira. André + Dias" (Fortios, Baptismos, casamentos e óbitos, 1631-1664, fª 62vº).
Trata-se do matrimónio de Manuel Caldeira com Maria Dias, do monte Tourinho, realizado no dia 28 de Setembro de 1636, na igreja de S. Domingos dos Fortios. E lemos, no termo imediato, na parte equivalente: "E foram testemunhas entre os mais que na igreja estavam Manuel Fernandes e Álvaro Anes, mercadores e moradores nesta cidade. Está este termo no livro velho, onde se assinaram todos comigo, a folhas cento e onze. E por verdade assinei. Miguel Vaz Castanho" (Fortios, Baptismos, casamentos e óbitos, 1631-1664, fª 62vº). Este matrimónio de António Vaz com Maria Gonçalves realizou-se no dia 24 de Maio de 1637, também na igreja de S. Domingos dos Fortios. Os termos destes dois matrimónios, além de serem redigidos no livro novo (1631-64), haviam-no sido também num livro velho e anterior ao utilizado então.
A análise dos termos que acabei de citar permite-nos sublinhar: a) Ambos os casamentos se realizam "em esta igreja de S. Domingos dos Fortios"; b) ambos são assinados pelo Pe. Miguel Vaz Castanho, que a eles assistiu; no primeiro caso, assinam também o cônjuge e uma testemunha (esta de cruz); c) A noiva Maria Dias morava no monte Tourinho; d) além dos termos redigidos no livro donde citei, foram-no também "no livro velho, a folhas cento e onze"  e) O livro velho aqui referido era muito volumoso, pois tinha pelo menos 111 folhas (o que não surpreende, pois também o novo, misto, iniciado em 1631, cujo termo de abertura, da mão do Pe. Miguel Vaz Castanho, citei acima, tinha 118 folhas). Provavelmente também, seria livro misto para baptismos, casamentos e óbitos, o que era normal então. Aliás, era o que previam as Constituições de 1589, onde D. Amador Arrais determina que em cada igreja do bispado haja um livro, devidamente rubricado, destinado aos termos de baptismo, acrescentando: "E na outra parte do dito livro, (o cura) escreverá os que falecerem (...). E em outra parte, escreverão as pessoas que se casarem" (Título 2º, constituição 2ª). Assim, aquele livro desaparecido poderia ser o mesmo donde o Pe. Manuel Nogueira de Amaral transcreve o baptismo da avó paterna do futuro Pe. Manuel Fernandes de Carvalho.
Todos estes dados convergem no mesmo sentido: A paróquia de S. Domingos dos Fortios dispunha de livros próprios anteriores aos que hoje podemos consultar. Além disso, se não podemos afirmá-lo com fundamento, também não podemos excluir que este dito livro velho pudesse remontar à criação da paróquia ou a poucos anos depois. Também estes elementos se enquadram na sequência das informações que tenho exposto neste capítulo.
Os dados seguros apresentados levam-nos a concluir que, à luz dos documentos citados, com toda a probabilidade, a paróquia de S. Domingos dos Fortios foi criada entre 1564 e 1575. De facto, há indícios de que o não fora antes de 1564 e a sua criação é sempre pressuposta a partir de 1575.



In “Bonifácio Bernardo” – Aldeia dos Fortios









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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Momentos de Poesia...



A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor. "Poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice.
De seguida podemos apreciar algumas poesias feitas por poetas da “Aldeia dos Fortios,” todas estas poesias foram editadas na brochura “Festa na Aldeia,” anualmente editada pelo Rancho Folclórico de Fortios.


Um momento de poesia...

(José F. P. Chambel – “Feijão” / Festa na Aldeia - 2004)

 

I

Quando eu era criança
São tempos que já lá vão
Tive sempre a tendência
De ser produtor de pão

II
Em Janeiro fazia o alqueve
No mês de Maio o atalho
Em Setembro a revolta
Para não se acabar o trabalho

III
Era as voltas que a terra levava
Para haver boa produção
Semear o trigo e o centeio
Mas era quem era ganhão

IV
Também semeava aveia e cevada
Fazia parte da sementeira
Alguns anos não se colhia nada
Andava sempre com a mesma canseira

V
Em Março fazia-se a monda
Maio e Junho trabalham as ceifeiras
Em seguida faziam o acarreto
Levava-se o pão para as eiras

VI
Vinha a máquina da debulha
Para se levar o pão ao celeiro
Pois se desse boa funda
Dava para pagar ao moleiro

VII
No tempo de mocidade
Foram tempos bem passados
Pois eu tive a infelicidade
De andar atrás dos arados

VIII
Lavrei com bois e vacas
Não fui um mau ganhão
Andava com o colete às farrapas
Quando não ia varrer o chão

IX
Abalava na segunda-feira
Camisa lavada calças remendadas
Passava oito ou quinze dias
A dormir em cima de tábuas

X
Assim é que foi o meu passado
Enquanto a vida não mudou
Tanto mergulho tenho dado
E agora pouco melhor estou

XI
Amanhã é dia santo
Temos migas para o almoço
A trempe está ao canto
E a água está no poço



Outro ano já passou
(Joaquina Ribeiro / Festa na Aldeia - 2006)

I
Outro ano já passou
Quase sem me aperceber
Aqui está outra brochura
Vamos todos escrever.

II
P´ra escrever não tenho jeito
P´ra versos também não,
Mas com algum preceito
Será que sairão?

III
Uma... Duas... Três...
Mais letras vou juntar
Conseguirei alguma vez
As quadras fazer rimar?

IV
Do Rancho faço parte,
Com alguns anos, passados
Tenho amor a esta arte
De “Reviver os antepassados”.

V
Reviver os outros tempos,
Outros tempos que já lá vão
Desde filhos, pais e netos,
Passam de geração em geração.

VI
A todos quantos cá estão
No nosso Festival a bailar
Tenham uma boa actuação,
Depois um bom regressar.



Poema sobre Fortios
(Joaquim Carlos Santinho / Festa na Aldeia – 2006)

I
Freguesia de Fortios
Povoação bastante alegre
É de todas a mais bonita
No concelho de Portalegre

II
Situada a sete quilómetros
Da capital do Distrito
Tem locais encantadores
Que trazem muita gente para o sítio

III
Terra de lindas vivendas
Que acolhem os naturais
Mesmo com pessoas de fora
Aqui somos todos iguais.

IV
Vivendo o seu dia a dia
Gente humilde e hospedeira
Enfrentam o bem e o mal
Resolvendo-os da melhor maneira.

V
Aldeia em grande expansão
Tem crescido nos últimos anos
É para seu desenvolvimento
Que nós todos trabalhamos

VI
Habitantes e forasteiros
São tratados com cortesia
Todos podem contar com o apoio
Da Junta de Freguesia.



Um agradecimento a Deus pela sua protecção divina
a todos os residentes desta Freguesia de Fortios
(João Francisco Lacão / Festa na Aldeia – 2006)

I
No dia de Mártir Santo
Um desastre aconteceu
Na Freguesia de Fortios
Todo o Povo tremeu.

II
Todo o Povo tremeu.
Toda a gente chorava
Tudo chamava por Jesus,
Parecia que o mundo acabava.

III
Parecia que o mundo acabava,
Foi um grande terror,
Todos devíamos pôr os olhos
No poder do Senhor.

IV
No poder do Senhor,
A Deus não se esconde nada;
Ali quem nos valeu
Foi a Virgem imaculada.

V
Foi a Virgem imaculada,
Pelo seu santo poder,
Pois se Deus não fosse bom
Podíamos todos morrer.

VI
Podíamos todos morrer,
Duma morte bem triste,
Todos devíamos adorar
Nosso Senhor Jesus Cristo.

VII
Nosso Senhor Jesus Cristo,
Seu poder todo tem;
Perdoai as nossas culpas
Virgem Santa, Eterna Mãe.

VIII
Virgem Santa, Eterna Mãe,
Companheira do Senhor:
Acompanhai nossas almas
Quando a gente do mundo se for.

IX
Do Santíssimo Sacramento
Muito nos temos afastado,
E se o recebêssemos
Deus terá perdoado.

X
Ó Santíssimo Sacramento
Que lá estás nessas alturas,
Alumiai nossas almas,
Não nos deixeis às escuras.



Reviver o passado no palco
(Catarina Lacão / Festa na Aldeia – 2007)

I
Numa tarde soalheira
Fiquei cheia de arrepios
Ao ver quem se aproximava
Era o Rancho dos Fortios

II
Entram os mais pequenos
Lembrando os tempos antigos
Os meninos de calça remendada
As meninas de bibes compridos

III
Trazendo o estandarte
Um lavrador aprumado
E p'ra sua companhia
Vem a coca a seu lado

IV
De seguida a tocata
E também os cantadores
Uns com trajes domingueiros
Outros de trabalhadores

V
Não esquecer os dançarinos
E também os figurantes
Cada um tem seu valor
Todos eles são importantes

VI
Na casinha nos juntamos
Em dias de frio ou calor
Eu não podia esquecer
O nosso ensaiador

VII
Sem esquecer a direcção
Que também é de louvar
Agradecemos com gratidão
A sua maneira de trabalhar